[Texto de 24 de setembro de 2012]
Em Curitiba passei muito tempo sozinha. Embora pareça triste, pude me deparar calmamente com as diversas obras que estão pela cidade. No ônibus de turismo uma das primeiras paradas é o Teatro Paiol. Ninguém desce. Eu desci.
"O ônibus passa de quanto em quanto tempo?"
"De meia em meia hora."
Dei de cara com as portas fechadas do teatro, que era muito pequeno, mas tinha uma presença ímpar. E não tinha nada, nenhum comércio, nenhum supermercado, nada. E eu tinha que esperar meia hora. Fiquei com medo, já estava mirabolando soluções, taxis, outros ônibus, qualquer coisa que me levasse prum lugar movimentado. Então aparece um funcionário e abre o teatro, corri até lá e perguntei se poderia entrar, ele disse que sim. Esse lugar foi contruído em 1906, era um paiol de pólvora, em 1971 foi transformado em teatro de arena, marcou a mudança cultural em Curitiba e foi abençoado por Vinícius de Moraes.
Aquele cheiro que só um teatro antigo tem invadiu meus sentidos. A iluminação amarela, charmosa como nenhuma outra e tudo bem pequeno lá dentro. Banheiros redondos, fotos dos gênios que por ali passaram e se apresentaram. Vi uma escada bem estreira com a placa: "Platéia". Subi.
Teatros não foram feitos para ficarem meio cheios ou meio vazios.
Ou lotados com aplausos suficientes que possam ecoar por milênios ou vazios pra que se possa ouví-los passando entre as cadeiras.
Teatro Paiol, o teatro mais charmoso que eu conheci.
Vivian Salva
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