quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Índio eu, índio você

Lembro de uma saída de campo da escola onde fomos até a Faculdade Federal de Uberlândia (UFU) no início de abril de 1998, acho... para conhecermos índios que fariam uma apresentação dos seus costumes, eles demoraram para começar e a organizadora disse: "Os índios vão se atrasar, estão se arrumando."
Achei aquela frase extremamente esquisita.
Pensei: os índios não estão sempre prontos nas suas tribos, na floresta? Aquela frase me fez desconfiar que não eram índios de verdade. Eles chegaram e eram índios mesmo, apresentaram algumas danças, falaram de seus costumes e voltamos pra escola.

Essa sensação esquisita me acompanha até hoje quando vejo um índio de calça jeans sentado perto da sua oca, acessando a internet. Confesso que desconheço essa relação, se essa proximidade com os costumes urbanos são úteis para os índios, acredito que sim... as redes sociais tiveram um papel importante nos últimos acontecimentos com os Guarani-Kaiowa e fico feliz que o que acontece lá foi divulgado, já que os jornais ignoram. Mas nessas relações com fazendeiros da região nada me tira a impressão das trocas desleais que aconteciam em 1500, me parece uma ideia ainda tão moderna, tão inn, pra frentex... extremamente conveniente.

O que eu sinto mesmo é uma vergonha imensa dessa invasão que é feita há centenas de anos, desse desrespeito sem medida! Acho de uma tristeza sem tamanho um povo que se orgulha do desenvolvimento digital, das privatizações, da globalização mas que surpreendentemente só consegue usar o lado ruim de tudo isso, na maioria das vezes. Os povos que não estão aqui, no meio da cidade, respirando essa fumaça maravilhosa que nós mesmos produzimos, não são dignos de ficar em paz em seus próprios lares? Invadem propriedades porque são vagabundos, não porque tinham sua terra e ela já lhes foi tomada uma vez. Uma?

Temos gerações marcadas pelo genocídio, matamos aos poucos a nossa própria essência. E, falando em essência, conhecemos a nossa?

Nenhum comentário: